sábado, 29 de março de 2008

Prutuguês, mais bem falando

Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
[O Português na 1.ª Pessoa]

Omenagem à hortografia*
Francisco José Viegas**

A senhora menistra da Educação açegurou ao presidente da Republica que, em futuras provas de aferissão do 4.º e do 6.º anos de iscolaridade, os critérios vão ser difrentes dos que estão em vigor atualmente. Ou seja, os erros hortográficos já vão contar para a avaliassão que esses testes pretendem efetuar. Vale a pena eisplicar o suçedido, depois de o responçável pelo gabinete de avaliassões do Menistério da Educação ter cido tão mal comprendido e, em alguns cazos, injustissado. Quando se trata de dar opiniões sobre educassão, todos estamos com vontade de meter o bedelho. Pelo menos.
Como se sabe, as chamadas provas de aferissão não são izames propriamente ditos limitão-se a aferir, a avaliar - sem o rigôr de uma prova onde a nota conta para paçar ou para xumbar ao final desses ciclos de aprendizagem. Servem para que o menistério da Educação recolha dados sobre a qualidade do encino e das iscólas, sobre o trabalho dos profeçores e sobre as competênssias e deficiênçias dos alunos.
Quando se soube que, na primeira parte da prova de Português, não eram levados em conta os erros hortográficos dados pelos alunos, logo houve algumas vozes excandalisadas que julgaram estar em curso mais uma das expriências de mudernização do encino, em que o Menistério tem cido tão prodigo Não era o caso porque tudo isto vem desde 2001. Como foi eisplicado, havia patamares no primeiro deles, i ntereçava ver se os alunos comprendiam e interpetavam corretamente um teisto que lhes era fornessido. Portantos, na correção dessa parte da prova, não eram tidos em conta os erros hortográficos, os sinais gráficos e quaisqueres outros erros de português excrito. Valorisando a competenssia interpetativa na primeira parte, entendiasse que uma ipotetica competenssia hortográfica seria depois avaliada, quando fosse pedido ao aluno que escrevê-se uma compozição. Aí sim, os erros hortográficos seriam, digamos, contabilisados - embora, como se sabe, os alunos não sejam penalisados: á horas pra tudo, quer o Menistério dizer; nos primeiros cinco minutos, trata-se de interpetar; nos quinze minutos finais, trata-se da hortografia.
Á, naturalmente, um prublema, que é o de comprender um teisto através de uma leitura com erros hortográficos. Nós julgáva-mos, na nossa inoçência, que escrever mal era pensar mal, interpetar mal, eisplicar mal. Abreviando e simplificando, a avaliassão entende que um aluno pode dar erros hortográficos desde que tenha perssebido o essencial do teisto que comenta (mesmo que o teisto fornessido não com tenha erros hortográficos). Numa fase postrior, pedesse-lhe "Então, criançinha, agora escreve aí um teisto sem erros hortográficos." E, emendando a mão, como já disse, pedesse-lhe para não dar erros, e a criancinha então não dá erros.
A questão é saber se as pessoas (os cidadões, os eleitores, os profeçores, "a comonidade educativa") querem que os alunos saião da iscóla a produzir abundãnssia de erros hortográficos, ou seja, se os erros hortográficos não téêm importânssia nenhuma - ou se tem.
Não entendo como os alunos podem amostrar "que comprenderam" um teisto, eisplicando-o sem interesar a cantidade de erros hortográficos. Em primeiro lugar porque um erro hortográfico é um erro hortográfico, e não deve de haver desculpas. Em segundo lugar, porque obrigar um profeçor a deixar passar em branco os erros hortográficos é uma injustiça e um pressedente grave, além de uma desautorizassão do trabalho que fizeram nas aulas. Depois, porque se o gabinete de avaliassão do Menistério quer saber como vão os alunos em matéria de competenssias, que trate de as avaliar com os instromentos que tem há mão sem desautorisar ou humilhar os profeçores.
Peçoalmente, comprendo a intensão. Sei que as provas de aferissão não contam para nota e hádem, mais tarde, ser modificadas. Paço a paço, a hortografia háde melhorar...

* Artigo publicado no Jornal de Notícias de 4 de Junho de 2007 — 19/06/2007

Sobre o Autor
** Escritor português; director da Casa Fernando Pessoa.

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Referências Bibliográficas para a Aprendizagem do Português como Língua Segunda e Estrangeira

  • Aprender Português - Nível A1/A2, Carla Oliveira, Maria José Ballman e Maria Luísa Coelho, Texto Editora, 2006.
  • Aprender Português 2 - Nível B1, Carla Oliveira e Maria Luísa Coelho, Texto Editora, 2007.
  • Exercícios e Notas Gramaticais, Helena Bárbara Marques Dias, Edições Colibri, 1995.
  • Gramática Aplicada - Português Língua Estrangeira, Carla Oliveira e Maria Luísa Coelho, Texto Editora, 2007.
  • Português Ao Vivo - Nível 1, Marília Margareth Cascalho, Lidel, 2002.
  • Português Ao Vivo - Nível 2, Maria da Conceição Pinheiro, Lidel, 2003.
  • Português Ao Vivo - Nível 3, Hermínia Malcata, Lidel, 2003.
  • Rumo ao Português no Mundo - Exercícios, Isabel Abranches e Yolanda Gonçalves, Plátano Editora, 1992.
  • Rumo ao Português no Mundo, Isabel Abranches e Yolanda Gonçalves, Plátano Editora, 1992.
  • Vamos Aprender Português 1, José Dias da Silva, Maria Manuela Cavaleiro Miranda e Maria Manuela Granés Gonçalves, Plátano Editora, 1995.
  • Vamos Aprender Português 2, José Dias da Silva, Maria Manuela Cavaleiro Miranda e Maria Manuela Granés Gonçalves, Plátano Editora, 1995.